Prof.ª Lurdes Repolho: "pelo sonho é que vamos"


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E foi assim que fomos…

Entre dúvidas, o desafio aceitou-se! Nunca tinha sido negado nada à escola, quando era pedida ajuda.

Convites e Surpresas.

E assim foi!

Sabia-se de antemão que não ía ser fácil. Mas abraçou-se o Projeto com o coração e a certeza que o que interessava era o percurso.

Primeiro, trabalhou-se com as colegas da Tecnopolis. Algumas reuniões e percebeu-se que teria de haver outra dinâmica. Agradeceu-se a ajuda das primeiras pessoas. Mas… era necessário um olhar diferente. E o caminho fez-se, devagar, muito devagar! Quase a tatear… sem se saber bem como perceber a dinâmica do processo. Contudo, sabia-se que “O caminho só se faz caminhando” e, por muitos escolhos que existam, só há uma realidade quando se trabalha numa Escola. E essa realidade são os ALUNOS. Só eles importam. Só eles interessam. E tudo começa neles como pessoas e acaba neles como seres de pensamento. E era isso que desejávamos perceber. Primeiro como acolher e depois como ensinar uma língua estranha, para que a sua integração fosse realizada com sucesso e coração.

Foram três anos intensos, cheios de Alegrias e descobertas… muita curiosidade numa experiência incrível, acompanhada de colegas excecionais que fizeram desse Caminho uma Descoberta constante e nunca num desespero ou Solidão. Diferentes, mais perto ou mais longe, mas sempre com o mesmo propósito de partilhar e de ajudar quem quer que precisasse, sem olhar nem ao esforço, nem ao trabalho. Pedagogia Diferenciada. Metodologias Ativas. Ensino Colaborativo. Com imenso trabalho, mas com muito companheirismo e alegria, e porque não dizê-lo com muito Amor. De novo, tivemos a sorte das pessoas certas chegarem ao pé de nós, durante a multiplicação dos alunos, ficamos duas professoras e mais algumas ajudas preciosas, que vieram ao pé de nós.

Como se pode explicar o privilégio de criar um Projeto, onde tudo o que Sonhamos é que tudo se congregue para um Bem comum, que tem como único objetivo, a integração de Alunos numa Comunidade Escolar. Esse que foi sempre o nosso único objetivo, passou a ser ainda mais importante, porque este grupo de Meninas e Meninos estrangeiros, ainda precisavam mais desse olhar diferenciado, pois era necessário o conhecimento da língua do país de acolhimento para a integração social existir efetivamente.

E, agora, que tudo foi e já não é, um Agradecimento a todos os que tornaram possível em mim, este acreditar ainda, nos meus últimos anos de carreira, que tudo é possível!

Aos meus Alunos, Meninas e Meninos do meu coração, os que estão e os que foram, por terem alegrado os meus Dias com os seus sorrisos e marotices, cheiinhos de Carinho.  Para eles o nosso agradecimento pelo seu comportamento sempre educado, amigo, compreensivo e participativo, nunca se recusando a trabalhar, de modo a aprenderem uma língua diferente, mas essencial para progredirem no seu percurso escolar e social.

Aos meus colegas, todos eles, e são tantos que dificilmente os poderia nomear a todos, desde colegas de Língua Portuguesa a Diretores de Turma, a colegas de todas as outras disciplinas, que nunca nos deixaram sem resposta e estiveram sempre prontos a ajudar, mesmo que por vezes, sentissem estranheza pela própria situação. Contudo, estiveram sempre ali e, acredito, que vão continuar a estar. A todos eles o nosso sincero agradecimento!

 Aos Serviços Administrativos, a todas as funcionárias da Secretaria pela sua atitude profissional e ao mesmo tempo tão humana, num olhar único e especial ao atendimento ao imigrante, tanto aos Alunos como às suas famílias, num desejo de esclarecer qualquer situação. Não há palavras para agradecer os seus sorrisos e, por vezes, mesmo, a sua atrapalhação por não conseguirem fazer mais. O nosso muito obrigada!

Às Assistentes Operacionais no geral, principalmente às mais próximas, sempre presentes, numa ajuda constante de acolhimento, compreensão e Bondade, nas diversas situações que foram surgindo, sem elas também não teria sido possível uma correta integração.  Olhares cuidadosos e, muitas vezes, carinhosos que ajudam no quotidiano das escolas para que na maior parte dos casos o acolhimento destes Meninos e Meninas aconteça efetivamente.

Igualmente, não nos podemos esquecer do Serviço de Psicologia e Orientação, na pessoa do psicólogo João Gandaio, um agradecimento especial pelo acompanhamento muito próximo, tanto técnico como humano. O nosso obrigada por nunca nos faltar, sempre que tínhamos dúvidas e precisávamos de informações basilares para a concretização com sucesso das situações especiais sobre os percursos escolares e familiares dos nossos alunos estrangeiros. 

Também, um agradecimento pelo o apoio desenvolvido pelo GAAF, durante todo o processo, mas principalmente no último ano, onde em cooperação direta com o SPO, a assistente social Beatriz Seromenho desenvolveu um trabalho atento e individualizado aos diversos casos que surgiram, de um modo eficiente e muito profissional.

 E, finalmente, um agradecimento muito especial à Direção, na pessoa do seu Diretor José Lopes, e a todos as outras colegas Teresa Carmo, Natália Aguiar, Gorete Oliveira e Cláudia Guedes que começaram o Projeto e estiveram numa ajuda constante, para que este se pudesse concretizar efetivamente. Mesmo com as dificuldades inerentes ao processo, nunca deixaram de nos acompanhar em tudo o que lhes foi solicitado, agilizando o processo e apoiando-nos sempre que nos sentíamos mais desmotivados. Para eles, o nosso Bem Haja!

 Por fim, um imenso abraço de reconhecimento àqueles colegas que percorreram connosco os dias mais alegres e aqueles mais complicados, no PLNM e no Acolhimento aos novos alunos (Brasileiros/PALOP), desde o primeiro dia da nossa caminhada. Nomeadamente à Sónia Pereira, à Conceição Lopes, ao Tiago Cunha, à Rita Dias, à Teresa Perdigão e, no último ano, ao Albano Ribeiro, a todos um muito obrigado pelo seu acompanhamento atento e compreensivo a tudo o que lhes foi pedido.

Chegamos ao fim, mas este testemunho não poderia acabar sem a referência sentida ao meu par pedagógico, com a qual tive a sorte de me cruzar e de desenvolver a mais sincera das amizades e que me fez ver que “Tudo vale a pena,/ quando a Alma não é pequena” (FP). De facto, no meu percurso profissional tudo aconteceu por uma razão. A mais certa, mesmo que dolorosa ou quase impossível, para a maior parte dos Seres. Acontece sempre para a minha riqueza e para o meu crescimento interior. E mais uma vez, foi assim. A Isabelinha chegou ao pé de mim para me compreender e me ajudar com a sua experiência de anos a trabalhar fora do país com alunos estrangeiros. Sem ela tudo teria sido muito mais difícil e quase impossível. Foi o motor que me faltava, quando sentia que os muros eram maiores do que as nuvens…, mas aí dávamos um abraço, bebíamos um café, sorríamos, vinha aquela gargalhada e o arrojo da descoberta acontecia, sem mais, nem porquê. Talvez, só porque queríamos o melhor para os nossos alunos e ela via isso tão bem ou melhor que eu. Foi o meu ombro, o meu sorriso, a companheira do meu dia a dia, e quem continuou o caminho, na maior parte do tempo sozinha, quando eu saí! E agradeço-lhe todos os dias a compreensão, o chamar-me à razão, quando me via mais impetuosa ou triste (porque as injustiças também existem, mesmo quando nós tentamos não as ver, mas elas aparecem diante dos nossos olhos), a Bondade do seu coração e a Alegria consciente de ser quem é. Sou uma privilegiada e agradeço isso todos os dias da minha vida. Amiga dos seus alunos, ajudando-os tanto cientifica como pedagogicamente, sempre com um olhar de conforto, mas não deixando nunca de os educar para os valores da vida. Obrigada Isabel de Matos por seres quem és, tanto como ser humano como ótima professora!

Bem hajas e que continues com essa serenidade para onde quer que a Vida te leve!

Agora, sim, acabamos!

Há muito que queria escrever um agradecimento sincero a todos os que fizeram possível que este projeto acontecesse e que eu fizesse parte dele nos últimos anos da minha carreira profissional. Obrigada Antónia Mancha pela tua lembrança, sem ela este texto/missiva não teria acontecido e o meu percurso não estaria completo sem ele.

E já agora um pequenino conselho para todos os que tiveram paciência para a ler e chegaram até aqui!

 “Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.”

Sebastião da Gama in Pelo Sonho é que Vamos (1953)

Nunca se esqueçam que tal como se disse um dia, por muitas dificuldades que existam não é o princípio nem o fim da Viagem que interessa é sim o CAMINHO e o Sonho que nos leva a ele. Muito Grata por tudo!


Lurdes Repolho, professora de Português aposentada, 

pioneira do projeto PLNM na Escola Secundária Júlio Dantas


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