
O grande desafio do ano letivo de 2024-2025 enquanto professora e diretora de turma do 10º ano, foi conseguir estabelecer a comunicação com alunos de diversas nacionalidades, entre elas brasileira, israelita, britânica (Escócia), neerlandesa, suíça, alemã, chinesa e indiana.
A heterogeneidade da língua, do percurso académico até ao 3º ciclo em escolas com diferentes modelos de ensino, cujas aprendizagens não foram efetivamente concretizadas ou não se articulam com o modelo português, assim como a diferença cultural e atitudinal de alguns alunos, foram fatores que aumentaram a barreira da comunicação.
Alguns destes alunos já vivem em Portugal há mais de um ano, outros concluíram o ensino básico no nosso país mas, entre eles e/ou nos seus grupos de amigos não utilizam a língua portuguesa como forma de comunicar e, até em contexto de sala de aula, por exemplo em trabalhos de grupo ou de pares, insistiam em comunicar em inglês, apesar de serem advertidos para falarem em português. Para contrariar esta tendência, foram realizadas diversas atividades ao longo do ano, facilitadoras do relacionamento interpessoal, como visitas de estudo, saídas de campo, interação com artistas, bem como a adaptação de estratégias e materiais ao contexto do grupo turma.
A articulação com as professoras de Português Língua Não Materna e a sua colaboração foi essencial porque, devido à sua maior proximidade com estes alunos, foi possível resolver questões relacionadas com determinados procedimentos simples como a justificação de faltas, convencer os pais/encarregados de educação a virem à escola falar comigo, porque não respondiam às minhas tentativas de contacto para o fazerem.
Nas reuniões com os encarregados de educação frisei sempre a necessidade de estimularem os seus educandos a falarem português enquanto estivessem na escola e a se relacionarem mais com os colegas portugueses. Chegados ao fim do ano letivo a resistência em falar português pouco se alterou.
Sendo a comunicação a ferramenta essencial para o estabelecimento da relação pedagógica de modo a que o processo ensino aprendizagem ocorra, a dificuldade em transmitir a mensagem de modo perceptível, foi um grande problema para mim e restantes elementos do conselho de turma.
Foi um ano que se pautou pela diferença, constituindo uma nova e salutar experiência, ainda que muito exigente, que me levou à descoberta de novos contextos e à redescoberta de mim, enquanto pessoa, mas acima de tudo, enquanto professora. Bem-vindos estes "novos mundos" à minha sala de aula!
Professora de História e Cultura das Artes e Diretora de Turma do 10ºG (2024/2025)
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